O varejo brasileiro registrou nos últimos 30 dias situações atípicas com a chegada do coronavírus no país. Com medo do desabastecimento, os consumidores começaram a estocar produtos básicos gerando uma corrida aos mercados.
Segundo a Associação Paulista de Supermercados – APAS, consequência disso foi o aumento nas vendas no estado: já no segundo dia de quarentena determinada pelo Governo de São Paulo, na quarta-feira 25 de março, houve crescimento de 11,4% em comparação com a quarta, 26 de fevereiro. No dia 24 de março, o crescimento foi de 18,2%. O levantamento que possui dados até o dia 15 de abril, aponta que até o dia 7 os índices de crescimento tiveram maior expressividade, atingindo até 45,1%.
Mas os supermercados em tempos de pandemia estão preparados para os recentes episódios causados pelo Covid-19 e os novos hábitos de consumo que vieram com a pandemia? Durante uma crise como esta, os grandes desafios enfrentados pelos varejistas incluem preparar o estoque para garantir a manutenção do abastecimento com atendimento seguro e preços justos.
Estoque Organizado
Na rede Big Compra, de Ribeirão Preto, o cenário de aumento nas vendas continua, tendo registrado crescimento em março de 29% e em abril de 25% comparados ao mesmo período, respectivamente. Os produtos que mais têm tido saída na rede são: arroz, feijão, leite, óleo de soja, papel higiênico, álcool, desinfetantes e água sanitária.
Entretanto, apesar de um comportamento de vendas não usual, o diretor-presidente Claudinei de Sousa, afirma que não houve impactos em seu estoque, registrando pouquíssimas rupturas. “Estamos fazendo o acompanhamento diário dos produtos da curva A, programando pedidos com entrega futura com todos os fornecedores”, explica.
Saber se organizar, conhecendo a fundo os números de seu negócio, segundo Sousa, faz toda a diferença para enfrentar circunstâncias como essa sem grandes contratempos. “Um software de gestão nos dá todas as informações necessárias comparativas que precisamos para nos adequar a toda e qualquer situação. É onde buscamos os dados e números necessários para conseguirmos gerir os nossos departamentos comercial e operacional”, esclarece.
Aumento de preços
Devido a variação de matérias-primas e insumos durante a crise, alguns produtos tiveram aumento de preços nas prateleiras no entanto, de acordo com a APAS, é importante salientar que os supermercados não são os responsáveis por definir valores de produtos, sendo apenas o elo entre os produtores e os consumidores finais, repassando os custos dos itens que adquirem das indústrias.
No Big Compra, o aumento de preço se concentrou nos produtos de alto giro, como o arroz com 30% e feijão e leite com 40%, sendo repassados ao consumidor de forma consciente. “Por serem produtos essenciais, praticamos margem baixa de lucro e até mesmo abaixo do custo”, diz.
No Supermercado Delta, que teve registro de aumento de vendas em março e abril de 10% em produtos como arroz, feijão, óleo, leite, papel higiênico e hortifrutis, o processo está sendo o mesmo. “Durante a crise, estamos pensando na coletividade, repassando ao consumidor apenas com o custo de aquisição, mantendo a mesma margem de lucro”, afirma o proprietário Rogério Ribeiro Pereira.
Busca pelos menores
Estudo do Kantar Thermometer, que analisa os principais impactos socioeconômicos decorrentes da pandemia, aponta que 75% dos brasileiros têm preferido comprar em supermercados de seus bairros como forma de apoiar os menores e evitar as aglomerações.
Alexandre Provenci, proprietário do HortiFruti Vitória, localizado em bairros da capital paulista, atesta os dados, tendo percebido o aumento da movimentação em seus estabelecimentos e registrado nos últimos 30 dias crescimento de 10% nas vendas. Apesar de não ter imaginado este tipo de eventualidade, vem conseguindo driblar os desafios deste aumento repentino com organização de seu estoque e medidas preventivas em prol dos clientes e funcionários. “Aqui o consumo é focado em produtos básicos, como arroz, feijão e óleo, tendo destaque também para frutas, legumes e verduras, que são nosso carro-chefe e cujas vendas dispararam.”, afirma.
Vendas On-line
Muitos consumidores já estavam habituados a comprar pela internet que tem ganho em média 0,5% de marketshare ano a ano do varejo total no Brasil. Outros, por forças das circunstâncias, estão aprendendo agora a fazer suas despesas de mercado de forma não-presencial. Fato é que o delivery e o e-commerce dos supermercados tiveram alta significativa neste período de isolamento.
“Tivemos uma entrada muito expressiva de novos consumidores no online nesse período de quarentena, chegando a mais de 30%, sendo que o esperado, em situações normais, seria algo entre 15% e 17%. Em alguns segmentos, como o de supermercados, a quantidade de novos consumidores dobrou”, detalha Fernando Mansano, especialista em e-commerce e Fundador do Comitê de Líderes do E-commerce – ComEcomm.
Segundo Mansano, diante da necessidade de afastamento, um dos desafios dos supermercados é entrar neste universo e se adaptarem de acordo com suas possibilidades, seja com uma loja virtual, um atendimento via whatsapp ou até por telefone. “Devemos colocar os pés no chão, fazer o que for possível para entrar na venda não-presencial e fazer bem feito para não criar uma experiência negativa”, conclui.
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